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terça-feira, dezembro 29, 2009
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Teatro de Tavarede

Não se pense que o ponto cai do céu no dia do espectáculo, pois este é também necessário durante todos os ensaios para que os actores decorem melhor o texto, para acudi-los numa falha ou para auxiliá-los nas movimentações cénicas.
Cada ensaio só pode começar quando o ponto chega, se não é o verdadeiro caos: este troca as falas, o outro não sabe quando entra, aquele esquece-se do momento em que interrompe o outro...enfim, por mais que alguém o tente substituir, ninguém consegue fazê-lo na perfeição e a cena tem de ser repetida várias vezes.
O ponto não é apenas quem lê o texto, necessita de saber a posição de cada um em palco, ter capacidade de apreensão para se, no dia do espectáculo, alguém, por exemplo, saltar páginas do texto, restabelecer a situação para que o espectador não se aperceba de nada.
Há já muitos anos que quem no Teatro de Tavarede se ocupa deste cargo é a Otília Cordeiro. Há quantos? Já nem a própria se lembra, só sabe que, com a morte do Sr. José Neto, o anterior ponto, foi quase obrigada a fazer-lhe a substituição. De facto, há já muito tempo que todos os actuais amadores se habituaram aos seus sussurros por entre as cortinas. Os próprios ouvidos já estão alerta para a voz dela, que lhes é imprescindível, sendo capaz de a distinguir por entre outros sons.
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